Diante de projeções que indicam a redução da população no Vale do Ivaí, a fruticultura surge como uma das apostas para a fixação das famílias na zona rural. A avaliação foi feita por técnicos e autoridades na abertura do segundo módulo do curso de qualificação profissional para o desenvolvimento da fruticultura, que acontece nesta quarta (27/09) e prossegue até esta quinta (28/09), no câmpus de Apucarana da Unespar.
Cristovon Ripol, gerente regional da Emater, afirma que dos 27 municípios que compõem o Território Vale do Ivaí 20 deverão perder população nos próximos anos.  A projeção, conforme Ripol, integra um estudo do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e apresenta uma perspectiva até o ano de 2040. “Temos que fazer alguma coisa e isso significa levar oportunidades para os agricultores segurarem, dentro do quadro de sucessão, seus filhos na propriedade”, frisa Ripol.
De acordo com o gerente regional da Emater, somente a fruticultura e a olericultura tem potencial para fixar as famílias no campo. A avaliação foi corroborada por outros técnicos e autoridades do setor, como o secretário de Agricultura de Apucarana, José Luiz Porto. “Um hectare de fruta bem cultivado mantém a família e o filho com dignidade no campo. Nas atividades tradicionais, é preciso ter grandes extensões de terra e altos investimentos em maquinário e, mesmo assim, nem sempre há o retorno esperado”, compara Porto.
O prefeito de Apucarana, Beto Preto, que não pode estar presente na abertura da capacitação e gravou uma mensagem aos participantes, também mencionou a monocultura. “O Vale do Ivaí é uma região que precisa mexer pro-ativamente no Valor Bruto da Produção (VBP). As grandes extensões de monocultura, muitas vezes, não revertem em recursos que permitam aos municípios expandir os investimentos”, avalia.
Beto Preto citou o Programa Terra Forte desenvolvido há três anos em Apucarana, através do qual já foram introduzidos 10 tipos de fruta. “Investimos cerca de R$ 1 milhão na distribuição de insumos e mudas de qualidade. Hoje já temos 212 pequenos agricultores que integram o programa, fornecendo produtos para a merenda escolar”, afirma, observando que em Apucarana 80% dos produtos utilizados na alimentação escolar vêm da agricultura familiar. “Vejo um futuro promissor e, da mesma forma, é possível transformar a nossa região no Vale das Frutas do Rio Ivaí”, completa Beto Preto.
O chefe do Núcleo Regional da Seab, Mário Bezerra, afirma que os números da fruticultura no Paraná ainda são muito modestos na balança comercial. “As culturas tradicionais continuam liderando no Estado e a fruticultura sequer aparece entre os dez com maior Valor Bruto de Produção. No Vale do Ivaí, por exemplo, a fruticultura representa somente 2% do VBP. Mostra que temos muito a avançar”, pondera, conclamando os cerca de 50 técnicos que estão sendo capacitados a multiplicar o conhecimento nos municípios.
O conteúdo do segundo módulo da capacitação inclui temas como gestão econômica e financeira, produção integrada, certificação fitossanitária, responsabilidade técnica, comercialização e relato de experiências. O curso, que terá ao todo 10 módulos, é uma parceria entre o Território do Vale do Ivaí, Emater, Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus de Ivaiporã, Universidade Federal do Paraná (UFPR) – câmpus de Jandaia do Sul, Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – câmpus de Apucarana e Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

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