Quem tem circulado por Apucarana nos últimos dias já percebeu mudanças. Ruas, calçadas e meios-fios livres de lixo, terra, mato e entulhos. Os trabalhos ainda não completaram nem mesmo um mês, mas os efeitos dos serviços de varrição manual da cidade, executado desde o dia 10 de março por 25 funcionários de uma empresa terceirizada – contratada via licitação pela Prefeitura de Apucarana – já são reconhecidos pela população. Para o pioneiro Nércio Bassaco, que mora no município desde o ano de sua emancipação há 70 anos, não tem prazer maior do que andar em uma cidade limpa. “Estava realmente abandonado, agora de duas semanas para cá parece que tem mesmo um prefeito olhando para isso. Todos os dias tenho visto funcionários varrendo a minha rua. Cidade limpa é outra coisa, espero que melhore cada vez mais”, disse.
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Dono de um bar há dois anos, o comerciante Isaias Ferreira Sobrinho afirma que durante todo este tempo ele e sua família foram os garis da rua. “Já temos este hábito e não vamos deixar de realizar esta limpeza, mas agora realmente temos um serviço de varrição por iniciativa da prefeitura que nunca deveria ter parado. Nestas duas últimas semanas percebi uma melhora muito grande”, reconhece.
Em entrevista concedida nesta semana, o então diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de Apucarana (Idepplan) e secretário de Obras, vice-prefeito Sebastião Ferreira Martins Júnior (Júnior da Femac), salientou que além do aspecto estético, ao proporcionar um visual mais bonito para a cidade, o serviço de varrição é fundamental, no ponto de vista técnico, para garantir uma maior durabilidade ao asfalto. “Sem este tipo de limpeza, todo tipo de lixo, entulho, terra, areia, ou outros materiais descartados repetidas vezes pela população, acaba acumulando dentro das galerias pluviais. Com isto vem o entupimento e, quando chove, a água acaba escorrendo por cima do pavimento, contribuindo para que ocorra rápida e forte deterioração, com o surgimento de rachaduras e buracos”, relata Júnior, que é engenheiro civil.
Nestes primeiros dias de execução do contrato, que tem validade de 12 meses, os funcionários da empresa Costa Oeste Serviços de Limpeza Ltda. realizam além da varrição, um trabalho de capina em calçadas e meios-fios. “Eles vêm realizando um serviço bastante satisfatório. Já foram realizadas dezenas de viagens ao aterro sanitário. São caminhões lotados de entulho, terra, mato e lixo, acumulados nos passeios e meios-fios. Esta primeira empreitada é de uma limpeza mais profunda e contempla, além da região central, onde a varrição é executada todos os dias, também vários bairros adjacentes, onde o serviço que por anos foi inexistente, já chega duas ou uma vez ao mês”, conta o vice-prefeito. Gradativamente, afirma ele, os serviços vão avançar para toda a cidade e até aos distritos.
Morador do Jardim Colonial, o varredor Marcos Vinícius Barbosa, de 39 anos de idade, diz não ter palavras para agradecer a oportunidade de emprego aberta pela empresa. “Minha vida estava ruim. Desempregado, eu estava sem expectativas. Este emprego mudou a minha vida, até o relacionamento com a família está melhor, que está tendo outro tipo de visão comigo, estou satisfeito demais”, disse o funcionário. Ele destaca a receptividade do trabalho por parte da população. “Os moradores vêm falar com a gente, agradecer porque está ficando muito bom. É gratificante. Parece que com o tempo vai chegar até no meu bairro (Jardim Colonial), que fica bem longe do centro e nunca viu um trabalho deste”, relata Barbosa.
Devido a falta de mão de obra, terceirizaçãofoi o caminho mais eficaz para Apucarana
O prefeito Beto Preto (PT) lembra que a terceirização dos serviços foi a forma encontrada pela administração para atender satisfatoriamente a demanda da cidade. “Ao longo das últimas três gestões o quadro de pessoal deste setor sofreu com a redução. Para se ter uma ideia, o último concurso público para contratação de garis e margaridas ocorreu há 18 anos. Em 1997, eram 150 varredores de rua efetivos na prefeitura, atualmente temos apenas 13 funcionários para esta função que, até o mês passado (antes da empresa terceirizada assumir os trabalhos), concentravam suas atividades na área central. Com a terceirização, remanejamos estes servidores para cuidar exclusivamente da limpeza de praças e prédios públicos da administração direta”, detalha o prefeito.
Beto frisa que a limpeza das ruas é apenas um aspecto de um leque ainda maior dentro dos objetivos da atual administração. “Este trabalho está dento da nossa visão de melhoria da cidade como um todo, que engloba ainda ações como a reforma e construção de calçadas, poda técnica de árvores para melhorar aspectos ligados à segurança e melhor iluminação pública, conservação de praças e parques, entre outras ações”, diz o prefeito.
O contrato com a Costa Oeste Serviços de Limpeza Ltda. é de R$1.078.740,00, mas o pagamento é feito a partir de medição. Para cada quilômetro efetivamente varrido, a empresa recebe R$48,75.
População deve ser parceira na limpeza da cidade
A Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura de Apucarana espera contar, daqui para a frente, com uma maior conscientização das obrigações individuais e coletivas tanto por parte dos moradores, quanto comerciantes e construtores civis, para que colaborem com a limpeza pública. “O poder público, através da prefeitura, está fazendo a sua parte, mas a parceria da população é imprescindível para que tenhamos êxito total. E a ação é muito simples e básica, basta que as pessoas acondicionem em recipiente e local adequado todo o lixo ou detrito gerado por sua atividade”, diz Júnior da Femac, vice-prefeito de Apucarana.
Além de ampliar o número de unidades na área central, a prefeitura trabalha no sentido de aumentar o número de lixeiras nas praças e bairros. “Mas é certo que todos sabem as consequências negativas de se jogar as coisas no lugar errado. A falta de lixeira não pode ser justificativa”, pondera.