A geada registrada nos últimos dias serviu mais uma vez como um alerta, apontando para a necessidade de substituir a monocultura pela diversificação na propriedade rural. A avaliação foi feita por autoridades municipais, na abertura do Seminário de Alternativas de Diversificação e Geração de Renda na Propriedade Rural, que ocorre ao longo desta quinta-feira (25 de julho), na Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea). O evento discute várias possibilidades de diversificação, como a piscicultura, cultivo do maracujá, horticultura orgânica e pecuária leiteira. Na oportunidade, o prefeito de Apucarana, Beto Preto, assinou um termo de cooperação e parceria para a reforma e ampliação de moradias rurais.
Ao citar os prejuízos causados pela geada dos últimos dias, especialmente na cafeicultura, Beto Preto lembrou a forte geada registrada em 1975 e que dizimou cafezais em diversas regiões do Estado. “A geada negra provocou naquela época êxodo rural no Paraná. Nos últimos 15 anos os movimentos sociais do campo, dialogando com as esferas de governo, estão fortalecendo a agricultura familiar no Brasil e criando condições para fixar as famílias na zona rural”, observa.
O prefeito de Apucarana também destaca os investimentos feitos pelo Governo Federal na agricultura familiar. “O orçamento destinado a este setor cresceu 30 vezes desde 2003”, frisa, citando como exemplo atual o Centro de Comercialização Regional da Agricultura Familiar e Orgânica que deverá ser implantado em Apucarana e que já consta no Orçamento Geral da União (OGU). “Estamos, através deste seminário e de outras ações, trazendo novidades para que o produtor possa tomar a melhor decisão na hora de diversificar a propriedade”, salienta.
Promovido pela Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com a Emater, Banco do Brasil e Câmara de Vereadores, o seminário reuniu mais de 100 produtores e diversas autoridades, entre os quais o vice-prefeito e secretário de obras, Sebastião Ferreira Martins, o Junior da Femac, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Benedito Aparecido de Oliveira, o gerente da agência de Apucarana do Banco do Brasil, Vilmar Reinaldo Pedralli, o representante do escritório local da Emater, Marco Antonio Casini Sanches, e os vereadores José Antoniassi e Aurita Bertoli.
PALESTRAS
O secretário municipal de Agricultura, João Carmo Fonseca, afirma que produção agrícola já é bastante diversificada no Município e o seminário busca incentivar o desenvolvimento de novas atividades que tenham mercado e, consequentemente, apresentem retorno econômico aos produtores. “Para isso foram programadas diversas palestras, a maioria delas mostrando experiências de sucesso nas propriedades. É uma conversa de produtor para produtor. Temos o exemplo da geada dos últimos dias, que trouxe prejuízos imediatos para diversas culturas, especialmente o café. Por isso, aconselhamos que os produtores desenvolvam pelo menos de 2 a 3 atividades, para que haja entrada de dinheiro várias vezes ao ano”, orienta.
Um dos palestrantes foi João Carlos Rogério, sócio-proprietário do Pescador Smartfish, localizado em Rolândia. A empresa mantém um frigorífico e os peixes abatidos vêm de uma parceria, pelo sistema de integração com o produtor rural. “Atuamos até 120 quilômetros ao redor de Rolândia. Entramos com os alevinos, ração, assistência técnica e transporte”, esclarece. Um tanque com 5 mil metros quadrados de lâmina d´água, conforme Rogério, tem capacidade para 12 mil tilápias no sistema convencional e produção de 7 toneladas. Em 7 meses, que é o período de engorda, isso garantirá um retorno econômico médio de cerca de R$ 7 mil ao produtor.
Já Alencar Hermes, que administra 6 hectares no Assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas, falou sobre a experiência de processamento e comercialização de leite. “Criamos uma marca própria, que inclusive já está disponível em mercados de Apucarana e também passaremos a fornecer para a merenda escolar em Apucarana”, afirma Hermes, que tem em sua propriedade 25 animais, entre vacas em lactação, novilhas e bezerras. A intenção, segundo ele, é agregar outros agricultores, formando um grupo de produção e de comercialização da marca que foi criada.
HABITAÇÃO
Além de proferir palestra sobre linhas de crédito direcionadas à agricultura, o gerente do Banco do Brasil formalizou junto com o prefeito a parceria para o desenvolvimento do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). “São recursos destinados para a aquisição de material de construção, reforma, ampliação ou conclusão de casas, beneficiando produtores situados em três faixas de renda familiar bruta anual”, explica Pedralli, citando que as faixas de renda são de até R$ 15 mil por ano, de R$ 15 mil a R$ 30 mil e acima de R$ 30 mil. A Secretaria Municipal de Agricultura já fez a convocação dos produtores rurais interessados e o cadastramento das famílias que se enquadram no programa.