As rápidas e bruscas mudanças no clima estão sendo tratadas como uma situação de emergência. Com esse enfoque, está sendo realizada ao longo desta quarta-feira (27/11) a 1ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, no anfiteatro da UTFPR. Os participantes, divididos em cinco eixos temáticos, escolherão dez propostas que serão apresentadas na conferência estadual e também os delegados que participarão do evento, que acontecerá em março do ano que vem.

A conferência é uma iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) e o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAP), e contou com o apoio de diversos órgãos e entidades. A palestra de abertura foi sobre o “Programa Água Segura”, conduzida por Arnaldo Rech, da Sanepar, que é mestre em Regulação e Gestão de recursos Hídricos.

A conferência municipal contou também com a presença do promotor de justiça Renato dos Santos Sant’Anna, coordenador regional do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema). O promotor lembrou que, há poucos dias, foi concluída no Azerbaijão a Conferência das Nações Unidas sobre o clima (Cop 29), evento que no ano que vem será realizado no Brasil. “Podemos considerar a conferência em Apucarana uma ‘mini cop’, um evento que une o poder público e a sociedade civil. É muito importante que cada município debata esse tema, para evitar o que aconteceu no Rio Grande do Sul com essas alterações incisivas na natureza, relacionadas com a poluição, com a emissão de gases e o efeito estufa e a monocultura acentuada”, pontua o promotor.

O coordenador do Gaema também destacou as práticas ambientais realizadas em Apucarana, como o trabalho desenvolvido pela Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Apucarana (Cocap). “De todas as cooperativas de recliclagem existentes nos 55 municípios abrangidos pelo Gaema, a Cocap de Apucarana é a que melhor executa esse serviço, dando qualidade de vida e  gerando renda aos cooperados. Eu visitei a cooperativa e fiquei impressionado com a estrutura, com por exemplo um local específico para refeição e atendimentos de saúde”, ressaltou Sant’Anna, que também destacou outras ações da Prefeitura de Apucarana e o nível profissional da equipe técnica da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Por isso, Apucarana tem esse renome no Paraná em questões relacionadas ao meio ambiente”, completa o coordenador do Gaema.

O prefeito Junior da Femac chamou a atenção para o tema da conferência, que é “Emergência climática: o desafio da transformação ecológica”. Reiterando que as mudanças climáticas ligaram o sinal de alerta na população e nas autoridades, transformando o assunto em uma questão emergencial. “Não são mais mudanças. São emergências climáticas. No ano passado, tivemos em Apucarana duas ondas de calor, uma em outubro e outra em dezembro. Ninguém estava acostumado com isso. Gastamos mais de 1 R$ milhão no combate da epidemia da dengue e, infelizmente, perdemos 20 vidas”, lamenta Junior da Femac.

O prefeito também lembrou dos extremos que ocorreram no ano passado, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a estiagem em outras partes do País. “Todos nós estamos neste barco e somos afetados. Não adianta acharmos culpados, mas encontrarmos soluções”, disse, convocando ao debate os participantes, entre os quais estão representantes de pastorais do meio ambiente, Sindicato Patronal Rural, Instituto de Desenvolvimento Rural, Acia, Sivale, Câmara de Veredores e empresários de diversos setores, além de profissionais ligados à saúde, educação, meio ambiente, obras, esportes e assistência social, entre outros.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Gentil Pereira, afirma que Apucarana está atualmente enfrentando mais uma onda de calor. “E o Município precisa se preparar para fazer novamente o enfrentamento da dengue. O calor excessivo também gera outras preocupações como a falta de oxigenação em lagos, ocasionando a mortandade de peixes. Precisamos debater tudo isso e levar as propostas para a conferência estadual”, assinala Gentil Pereira.

Sérgio Bobig, presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAP), afirma que a realização das conferências foi sugerida a todos os municípios brasileiros. “Infelizmente, verificamos uma baixa adesão em várias localidades. É lamentável ver que muitos não se atentaram para a gravidade do tema, pois os desafios climáticos são cada vez mais intensos e frequentes”, reitera Bobig.

O vice-diretor do campus de Apucarana da UTFPR, Thiago Gentil Ramires, lembrou da responsabilidade de todos em relação ao meio ambiente,  elencando alguns temas ligados à UTFPR e que já estão sendo discutidos na universidade.  “Estamos discutindo cada dia mais, seja para políticas ambientais ou econômicas”, afirma, citando alguns temas linkados à UTFPR, como resíduos têxteis utilizados para desertificar terrenos, economia circular e energias renováveis.

A conferência também contou com a participação do biólogo Udson Mikalouski, que integra a equipe de transição e representou o prefeito eleito, Rodolfo Mota. Mikalouski, que é biólogo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, fez uma explanação sobre os cinco eixos temáticos que serão discutidos pelos participantes: mitigação; adaptação e preparação para desastres; justiça climática; transformação ecológica; e governança e educação ambiental.

A conferência municipal é preparatória para a etapa estadual e, na sequência, para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), tendo por objetivo incentivar a ampla participação da população na construção de propostas para enfrentar os desafios climáticos. Qualquer pessoa – maior de 16 anos – pode participar da conferência e votar nos delegados. Poderão ser apontadas – pelo município -, até dez propostas, sendo duas para cada um dos eixos temáticos. As propostas priorizadas serão encaminhadas para a Comissão Organizadora Estadual e incluídas no caderno de propostas que será debatido na conferência estadual.

 

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