Ao contrário do que historicamente ocorreu em Apucarana até o ano passado, a instalação de novos redutores de velocidade na modalidade lombada, popularmente conhecidas como “quebra-molas”, vem sendo feita de acordo com o que regem as normas da legislação estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). A forma como o serviço vinha sendo executado pela administração municipal, sobretudo na última década, inclusive, é alvo de questionamento por parte do Observatório Social de Apucarana (OSA), que no início deste ano solicitou oficialmente providências reparatórias, onde for possível, e retirada daqueles que estão instalados em formato e trechos não permitidos pela lei.

“Compartilhamos desta preocupação e defendemos que a construção de novos “quebra-molas” respeite o que apregoa a legislação, que impõe regras sobre a localização, altura, largura para estas ondulações. Lamentavelmente não foi assim que os outros gestores procederam e a maioria das lombadas foi instalada de forma indiscriminada e fora dos padrões em Apucarana. Ao invés de contribuir, prejudicam ainda mais o trânsito em nossa cidade”, afirma o prefeito Beto Preto (PT).

Ele frisa que mensalmente a prefeitura recebe dezenas de indicações de vereadores, intermediando pedidos da população no sentido de que sejam construídas novas lombadas em diversos pontos de Apucarana. Das mais de mil indicações encaminhadas neste ano, cerca de 15% são solicitações desta natureza. “E diante disto, quero enaltecer o trabalho dos vereadores e dizer que a administração municipal entende muito bem esta situação, onde o parlamentar trabalha no sentido de fazer o melhor para sua comunidade. Mas acima deste aspecto é preciso que a sociedade reconheça que além da questão técnica e legal, não podemos tornar realidade todos estes pedidos, sob o risco de andarmos para trás, complicando ainda mais o trânsito não só na área central, mas também nos bairros onde há grande demanda de solicitações”, esclarece Beto.

Algumas das sugestões vindas da população por intermédio das indicações legislativas são atendidas atualmente, mas com base na lei. “Para se ter uma dimensão dos pedidos, ao longo deste ano em uma só via do Jardim América foi solicitada a instalação de seis quebra-molas em lugares diferentes. Analisamos todos e instalamos só o que realmente estava dentro do critério, que é defronte a uma escola municipal”, informou o gestor.

O tema das indicações, sobretudo aquelas que solicitam construção de quebra-molas nos bairros, foi alvo de uma reunião realizada recentemente no gabinete municipal onde, além do prefeito, participaram o superintendente da Secretaria de Serviços Públicos, Silnei Bolonheze, e os v8ereadores Vladimir José da Silva (PDT) e Gilberto Cordeiro de Lima (PMN).

Velocidade – Responsável técnico pelas intervenções já implantadas no trânsito de Apucarana neste ano, que já resultaram em uma melhor trafegabilidade sobretudo na área central, o superintendente da Secretaria de Serviços Públicos, Silnei Bolonheze defendeu o ponto de vista do respeito ao que rege a legislação no tocante à instalação de novos redutores e destacou que grande parte dos acidentes seriam evitados com o condutor simplesmente respeitando a sinalização viária e os limites de velocidades. “O CBT e o CONTRAN trazem regras para isso, não se pode colocar quebra-mola em qualquer lugar, depende de vários aspectos, sobretudo a localização. A atual administração não é contra este equipamento, mas está atuando para que a cidade tenha um trânsito moderno e que ele seja instalado de forma adequada e estratégica”, informou Bolonhese aos vereadores.

Entre os projetos para o setor, está o reforço da sinalização viária nos bairros, instalação de redutores tipo plataforma de pedestres em trechos de grande movimento e, mais futuramente, aquisição de radares móveis. “Sem contar com a realização contínua de ações de conscientização direcionadas tanto para os condutores quanto para os transeuntes, que devem manter-se sempre alertas e prudentes no trânsito”, complementa o especialista em trânsito.

Segundo ele, o popular “quebra-mola” não é em nenhum lugar do mundo sinônimo de segurança. “Temos um triste exemplo que aconteceu em Apucarana recentemente, onde um jovem motociclista perdeu a vida em acidente da Rua João Antônio Braga Côrtes. No local há uma lombada 50 metros atrás e 30 metros à frente. Poderia enumerar muitos outros exemplos semelhantes em nossa cidade, sobretudo na Avenida Minas Gerais. Temos mais de 30 acidentes de trânsito por mês, imagina se tivermos que construir um equipamento em todo lugar que isto ocorrer”, reflete.

Em contrapartida, os vereadores permaneceram defendendo junto ao prefeito Beto Preto suas posições. “Sou defensor dos quebra-molas, em especial nos bairros da cidade”, disse Vladimir, que na reunião apresentou fotos de um acidente ocorrido no Jardim Ponta Grossa, no cruzamento das ruas Olavo Bilac e Pedro Xavier.

O vereador Gilberto Cordeiro concordou que 90% dos acidentes na área urbana são originados pela imprudência, mas acredita que diante do quadro histórico e cultural do trânsito no Brasil, construção de novas lombadas seja a forma mais adequada de evitar acidentes. “Temos muitos trechos em Apucarana que precisam. A população nos cobra dia e noite. Se todos respeitassem o que diz o Código Brasileiro de Trânsito (CBT) não teríamos problema algum, nenhum acidente aconteceria”, resume o vereador.

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