A longa fila de espera de seis meses a um ano para realização de cirurgias pediátricas está praticamente zerada entre os pacientes de Apucarana, que não necessitam mais serem encaminhados ao Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Desde 2013, a Autarquia Municipal de Saúde vem contando com o trabalho do médico Ricardo Parreira, que atende usuários do Sistema Único de Saúde, através de encaminhamento do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir) ao Hospital da Providência Materno Infantil. Com isso, o tempo de espera – entre a primeira consulta e o procedimento cirúrgico – é de no máximo 90 dias. No período de junho de 2013 a maio de 2016, foram realizados 2.597 atendimentos e 450 pacientes foram submetidos a procedimentos cirúrgicos. Neste mesmo período, o Município de Apucarana investiu, com recursos próprios, a importância de R$ 383.400,00.

A decisão de centralizar os procedimentos em Apucarana foi do prefeito Beto Preto, após ouvir reclamações dos pais das crianças sobre o longo tempo de espera e a necessidade de levar as crianças para Curitiba. Após analisar a questão, Beto Preto firmou um convênio com o Cisvir e Hospital da Providência. O prefeito de Apucarana lembrou que “os recursos para a saúde são escassos e é preciso fazer uso do que dispõe com correção para atender às demandas do setor”. “São avanços na política de atenção a saúde, pois estamos tratando da vida de crianças, para segurança e conforto dos pais”, completa Beto Preto.

Responsável pelo atendimento aos pequenos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o cirurgião pediátrico Ricardo Parreira vem realizando cirurgias desde 2013 e mostra satisfação por contribuir para a melhoria na qualidade de vida das crianças e na atenção oferecida aos pais. “A sensação que tenho, como médico, é de estar sendo útil a estas pessoas, pois são mais receptivas à conduta médica”, manifesta Parreira.

Analisando os números de consultas e procedimentos realizados, o medico afirma que não há demanda reprimida, pois são realizadas 20 cirurgias por mês. “Quando assumimos, em 2013, a lista de espera – iniciada em 2012 – era de seis a dez meses. Hoje, da primeira consulta até a resolução da patologia, o tempo máximo é de seis meses”, explica o médico. Ele ressalta que, com o atendimento centralizado em Apucarana, há uma significativa economia de recursos públicos, pois a administração municipal não tem necessidade de arcar com as despesas de deslocamento do paciente para Curitiba.

Quanto à remuneração profissional, o cirurgião manifesta satisfação pelo que recebe do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir) pelos procedimentos realizados. “Posso assegurar que o Cisvir remunera melhor que alguns convênios médicos”, diz o médico. Parreira afirma ainda que optou por trabalhar em Apucarana a partir do momento em que percebeu serem de pequenas cidades da região Vale do Ivaí. “São pessoas que necessitam de um esclarecimento melhor sobre a patologia e respondem com maior segurança às prescrições do médico”, relata ele.

“Já passei por todas as sensações possíveis”

O menino Raul, de 11 anos, já está em casa, após passar por uma cirurgia de potectomia no Hospital da Providência Materno Infantil, para alívio da mãe Cristina Fukunaga. “Com este filho, já passei por todas as sensações possíveis”, afirma ela, contando que aos três anos o menino teve uma crise convulsiva, que resultou em uma lesão cerebral. Em razão desta seqüela, Raul tem dificuldade de alfabetização, necessitando de apoio pedagógico. Residente no Jardim Eldorado, o primeiro atendimento ao menino foi realizado na UBS Marcos Sanches Mascaro, no Núcleo Habitacional Parigot de Souza. A mãe relata que em dois meses após o encaminhamento ao especialista, o filho foi submetido a cirurgia. “Estou aliviada, pois não teria condições financeiras para uma operação”, acrescenta.

“Foi uma surpresa a rapidez no atendimento”

O pequeno Taynã, de um ano e dois meses, precisou ser submetido a uma cirurgia de hérnia inguinal. O primeiro atendimento aconteceu na UBS “Marcos Mascaro”, no Núcleo Parigot de Souza. O médico solicitou o encaminhamento ao pediatra para o procedimento cirúrgico. A primeira informação aos pais – a costureira Mirian Cristina e o pedreiro Júlio César – foi desoladora: seria preciso esperar até seis meses para a cirurgia. A mãe, porém, foi pega de surpresa. “De repente ligaram em um sábado aqui para casa, dizendo que era para levar o Taynã na terça-feira ao hospital para ser operado. Tomei um susto, pois tudo foi muito rápido”, contou ela, enquanto segurava o filho no colo. “Não deu nem dois meses e meu filho foi operado, saindo do hospital no mesmo dia”, disse Júlio César.

Publicações Recomendadas