Preocupados com as perdas no cultivo da soja, especialmente no momento da colheita, produtores de soja participaram nesta quinta-feira (10/03) de um encontro para discutir a situação, realizado no salão nobre da Prefeitura. Além do prefeito de Apucarana, Beto Preto, estiveram presentes representantes de cooperativas, instituições financeiras e de órgãos governamentais ligados ao agronegócio. De acordo com estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), perdas até o momento são, em média, de 25%.
Os dados deverão ser confirmados oficialmente pelo órgão nos próximos dias com a divulgação de um informe técnico, uma vez que ainda falta colher 20% da área plantada. O prefeito de Apucarana disse que depende dos levantamentos oficiais para poder tomar medidas como a ampliação da situação de emergência, decretado em janeiro devido às fortes chuvas e que ainda está vigorando.
Beto Preto frisa que as perdas nas lavouras de soja foram registradas regionalmente, abrangendo Apucarana e municípios do Vale do Ivaí. “É uma situação que não atingiu todo o Paraná, pois as demais regiões plantaram antes e colheram antes, não sendo atingidos pelo fenômeno climático. Vamos levantar informes técnicos para se chegar a um documento oficial que indique essa quebra na região, podendo assim incluir os prejuízos no decreto de emergência”, pondera.
A intenção – conforme Beto Preto – é encaminhar expedientes demonstrando a situação para órgãos como a Secretaria de Estado da Agricultura, Ministério da Agricultura e Banco do Brasil, bem como a senadores e deputados federais da bancada paranaense. “A produção de soja é o ouro verde atualmente. Quando falamos de uma quebra de 25%, isso representa R$ 19 milhões de perdas. Em termos de arrecadação, o Município sentirá mais os reflexos daqui a um ou dois anos”, avalia.
Os produtores de Apucarana plantaram, ao todo, 20 mil hectares de soja e a expectativa inicial era alcançar uma produção de 70 mil toneladas. Com a estimativa de quebra, a safra deverá ser reduzida para 52,5 mil toneladas de grãos. “A produtividade média esperada era de 3.450 quilos por hectare, o que com a quebra foi reduzida para 2.600 quilos. O mais preocupante é que as principais perdas aconteceram na qualidade do grão, o que não é coberto pelos seguros agrícolas”, observa Franzini.
João Carmo Fonseca, secretário municipal de Agricultura, afirma que os problemas na cultura se acumularam desde o início do plantio e foram agravados na hora da colheita. “As condições climáticas foram adversas, havendo atraso no plantio, dificuldades para fazer o controle de invasores, pragas e doenças, falta de luminosidade e excesso de umidade na hora de colher. Tudo isso depreciou o produto”, analisa.
Os prejuízos variaram e alguns produtores relatam perdas maiores, entre 30% e 40%. “Plantei 58 alqueires, a mesma área do ano passado. Em 2015, a produção total foi de 9.600 sacas contra as 5.600 deste ano. Ainda não fiz o balanço final e não sei se vou conseguir fechar as contas”, lamenta o produtor Luiz Firmino, que tem propriedades no Distrito de Caixa São Pedro e também no município de Arapongas.
A baixa qualidade do grão resulta em descontos no momento de entregar o produto nas cooperativas, relativos a grãos avariados e ardidos, umidade e impurezas. “Tem produtores entregando cargas com 50%, 60% e até 80% de desconto”, afirma o agricultor Wilson Massambani, também do Distrito de Caixa São Pedro. “Contamos com a ajuda do poder pública no sentido de negociar os saldos devedores com bancos, cooperativas e empresas. A reunião é um reconhecimento de que houve uma perda grande e que há a necessidade de se renegociar essas dívidas”, completa.