Apucarana está sediando um evento que ficará marcado na história da cidade. Trata-se da segunda audiência pública da Comissão Estadual da Verdade, que investiga violações dos direitos humanos, no período que inclui a ditadura militar no Brasil. A solenidade de abertura foi realizada na tarde desta segunda-feira(5) no Cine Teatro Fênix e prossegue nesta terça (6) pela manhã, tarde e noite.
A primeira audiência pública foi realizada em Foz do Iguaçu no mês de junho e agora a Comissão Estadual da Verdade veio para Apucarana, que nas décadas de 60 e 70 manteve um foco de resistência ao autoritarismo, inclusive com forte adesão da classe estudantil, notadamente no Colégio Estadual Nilo Cairo.
Ao participar da abertura da audiência, o representante do Judiciário e diretor do Fórum de Apucarana, Osvaldo Soares Neto, criticou a prática da tortura e cerceamento de direitos dos cidadãos. “Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Associação dos Magistrados do Paraná venho aqui manifestar nosso apoio ao trabalho desenvolvido pela Comissão Estadual da Verdade”, assinalou o juiz Osvaldo Soares Neto.
O prefeito Beto Preto enalteceu a importância da Audiência pública. “A nossa história está sendo passada a limpo e a versão daqueles que foram presos injustamente, torturados ou que morreram por discordar do autoritarismo ficará agora registrada na memória”, avaliou, acrescentando que “todos lutaram pela democracia e liberdade e merecem reconhecimento”.
Beto Preto fez questão de destacar a presença de centenas de estudantes do Colégio Estadual Nilo Cairo, acompanhados de professores e do diretor da instituição, João Calegari. “Desta escola saíram os líderes estudantis Antônio dos Três Reis de Oliveira e José Idézio Brianezi, que acabaram mortos na luta pela democracia”, completou o prefeito.
O presidente da Comissão Estadual da Verdade, professor Pedro Bodê manifestou publicamente seu agradecimento pela acolhida e apoio do Município, na pessoa do prefeito Beto Preto. Ele também elogiou a participação dos estudantes apucaranenses no evento.
“Estamos aqui para, durante dois dias, ouvir depoimentos de pessoas de Apucarana e região que sofreram com o autoritarismo, e também de familiares daqueles que foram mortos”, comentou Bodê.


INVESTIGAÇÃO DE VIOLAÇÃO
DOS DIREITOS HUMANOS

O objetivo da Comissão Estadual da Verdade é trabalhar em conjunto com a comissão de âmbito nacional, criada em 2011 pela presidente Dilma Rousseff. A Comissão atua na apuração de violações aos direitos humanos e terá dois anos para produzir um relatório com conclusões e recomendações sobre os crimes cometidos. Os trabalhos da Comissão contam com o apoio administrativo da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
A comissão deverá colaborar com as instâncias do poder público para a apuração de violação de direitos humanos, além de enviar aos órgãos públicos competentes dados que possam auxiliar na identificação de restos mortais de desaparecidos. Também identificará os locais, estruturas, instituições e circunstâncias relacionadas à prática de violações de direitos humanos.
Conforme levantamento da Comissão Nacional da Verdade, somente no primeiro ano do regime militar imposto pelo golpe de 1964, pelo menos 50 mil pessoas foram presas no Brasil, sendo também identificado oficialmente pela comissão a existência de dezenas de agentes.

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